Dra. Sara Koefender Castro – Médica de Família https://drasaracastro.com.br/ Medicina Medicina Baseada em Evidências para toda família. Dra. Sara Castro, Médica de Família e pós-graduada em Psiquiatria Geral e Psiquiatria da Infância e Adolescência. Atendimento presencial em Porto Alegre e Online para todo o Brasil. Tue, 15 Apr 2025 02:13:26 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8 https://drasaracastro.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Marketing-feed-IG-1-edited-150x150.png Dra. Sara Koefender Castro – Médica de Família https://drasaracastro.com.br/ 32 32 Febre em crianças: saiba quando medicar, quando observar e quando se preocupar. https://drasaracastro.com.br/febre-em-crianca/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=febre-em-crianca https://drasaracastro.com.br/febre-em-crianca/#respond Tue, 15 Apr 2025 01:55:46 +0000 https://drasaracastro.com.br/?p=150 Se você tem filhos ou convive com crianças pequenas, provavelmente já passou por isso: a criança acorda quente, olhos brilhantes, talvez mais quieta ou chorosa que o habitual. Você encosta na testa com a mão e sente aquele calor típico que dispara um alarme interno. O coração acelera, porque febre em crianças mexe com qualquer […]

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Se você tem filhos ou convive com crianças pequenas, provavelmente já passou por isso: a criança acorda quente, olhos brilhantes, talvez mais quieta ou chorosa que o habitual. Você encosta na testa com a mão e sente aquele calor típico que dispara um alarme interno. O coração acelera, porque febre em crianças mexe com qualquer adulto – mesmo os mais experientes.

Agora respire fundo. É natural se preocupar ao notar uma criança com febre; ninguém quer vê-la desconfortável ou ignorar algo mais sério. Mas aqui está uma verdade importante: nem toda febre exige uma ida apressada ao hospital ou o uso imediato de remédios. Muitas vezes, ela nem deveria ser vista como uma “inimiga”.

Vamos entender melhor o que significa quando uma criança apresenta febre. Este é um tema cercado de dúvidas e mitos: ainda há quem pense que febre alta pode “derreter” o cérebro (spoiler: não pode!) ou quem fique obcecado em “zerar” a temperatura a qualquer custo. Antes de falar sobre sinais de alerta ou o momento certo para recorrer aos antitérmicos, é essencial compreender o que acontece no corpo da criança quando a febre aparece.

Com mais conhecimento, você se sentirá mais confiante para decidir se deve apenas observar ou agir. E essa decisão será tomada com calma e baseada em uma avaliação consciente do comportamento da criança e nas informações corretas sobre sua saúde.


O que é a febre e por que ela surge?

Muita gente associa febre automaticamente a doença – o que não está totalmente errado –, mas isso é só parte da história. Para começar, vamos entender exatamente o que é a febre.

A temperatura do nosso corpo costuma ficar estável entre 36 e 37 °C na maior parte do tempo. Esse equilíbrio térmico é controlado por uma área do cérebro chamada hipotálamo – como se fosse o “termostato natural” do corpo humano. Quando percebemos alguma ameaça externa (como vírus ou bactérias) ou interna (inflamações), o hipotálamo pode ajustar esse termostato para cima, elevando nossa temperatura corporal.

E por quê? Essa resposta faz parte de um plano estratégico da nossa imunidade! Muitos microrganismos causadores de doenças têm dificuldade em se multiplicar ou sobreviver em temperaturas mais altas. Assim, a febre funciona como uma espécie de arma biológica natural – um esforço do corpo para criar um ambiente menos favorável aos invasores enquanto estimula as células de defesa. A febre, por si só, não é uma doença, mas sim um sinal de que algo está acontecendo no organismo. Isso, no entanto, não significa que esse “algo” seja grave ou perigoso.


Febre: amiga ou inimiga?

Agora que sabemos que a febre faz parte do sistema defensivo do corpo, precisamos falar sobre como interpretá-la nas crianças. Pense na febre como uma mensageira; ela carrega informações importantes sobre o estado geral da saúde.

Na maioria das vezes, a febre aparece como uma reação natural do corpo a infecções comuns e passageiras, como os típicos resfriados virais da infância. Nesse contexto, ela age protegendo a criança sem causar grandes problemas. Ainda assim, há momentos em que a febre pode indicar algo mais preocupante. Quando sua presença está associada a outros sintomas, é hora de ficar alerta. Exemplos incluem letargia excessiva, dificuldade respiratória ou manchas pelo corpo.

Resumo rápido:

  • Febre transitória + criança ativa/brincando: geralmente segura.
  • Febre contínua + outros sinais preocupantes: merece atenção especial.

É importante lembrar que a gravidade da febre não se baseia apenas nos números do termômetro. O comportamento da criança é um indicador muito mais confiável.


O que é considerado febre em crianças?

Uma dúvida comum é: qual temperatura realmente indica febre? Aqui estão os parâmetros gerais:

  • Temperatura axilar acima de 37,8 °C é considerada febre.
  • Valores entre 37 °C e 37,8 °C são classificados como estado subfebril.
  • Acima de 39 °C, chamamos de febre alta.

Essas medições variam conforme o local onde você mede:

  • Axila: método mais tradicional, com valores geralmente menores.
  • Reto ou boca/auricular: cerca de 0,5 °C acima dos valores axilares.

Para bebês menores de 3 meses, qualquer alteração térmica deve ser comunicada ao médico, pois infecções podem evoluir rapidamente nessa faixa etária. Além disso, escolha um termômetro confiável. Os digitais são os mais indicados pela precisão e praticidade, enquanto os infravermelhos podem ser úteis, mas exigem cuidado para evitar leituras inconsistentes.


Observar ou medicar?

Quando a febre aparece, surge a dúvida: medicar imediatamente ou apenas observar? Essa decisão pode assustar, mas o segredo está em avaliar mais do que a febre em si: o comportamento da criança é uma pista muito mais confiável do que os números absolutos da temperatura.

Se a criança está ativa entre picos febris, brincando ou reagindo bem, isso geralmente é um bom sinal. O corpo pode estar lutando contra um vírus ou bactéria comuns. Nesse caso, você pode monitorar e focar no conforto dela.

Por outro lado, se houver sintomas como letargia profunda, dificuldade para respirar ou irritabilidade persistente, é necessário buscar avaliação médica, independentemente da temperatura registrada.

Os antitérmicos, como paracetamol e ibuprofeno, são seguros quando usados nas doses corretas, considerando peso e idade. Eles não “curam” a febre, mas ajudam a aliviar o desconforto. Algumas dicas importantes:

  • Respeite os intervalos indicados na bula (geralmente entre 6 a 8 horas).
  • Evite misturar diferentes tipos de antitérmicos, a menos que o médico assim oriente.
  • Se a febre não ceder após várias doses ou voltar rapidamente, procure orientação médica.

Medidas naturais: funcionam?

Entre um antitérmico e outro – ou quando você decide não medicar ainda –, medidas simples podem ajudar:

  • Banhos mornos: ajudam a regular a temperatura e relaxam o corpo.
  • Hidratação: beber bastante líquido é essencial para combater infecções.
  • Roupas leves: evitam a sensação abafada da febre alta.

Evite práticas antigas, como álcool na pele ou gelo na testa, que podem causar danos à pele sensível ou até quedas perigosas na temperatura corporal.


Quando a febre é um alerta?

Febres que vão e voltam por dias seguidos podem ser preocupantes. Infecções virais comuns geralmente duram entre cinco e sete dias, mas febres persistentes ou recorrentes (mais de 7 dias) exigem atenção médica. Casos que merecem avaliação incluem:

  • Infecções bacterianas, como infecção urinária.
  • Febres acompanhadas de erupções cutâneas persistentes.
  • Dificuldades alimentares graves associadas à febre.

Se tiver dúvidas, não deixe de buscar avaliação médica. Lembre-se: a febre não é vilã, mas um sinal do sistema imunológico trabalhando. Observe seus filhos com atenção e mantenha a calma. Isso faz toda a diferença para oferecer o apoio necessário.

Dra. Sara Koefender Castro
Médica de Família e Comunidade
CRM/RS 39979 RQE 32341

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Adultos podem ter TDAH? Saiba a diferença entre os sintomas da infância e da idade adulta https://drasaracastro.com.br/tdah-em-adultos/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=tdah-em-adultos https://drasaracastro.com.br/tdah-em-adultos/#respond Mon, 14 Apr 2025 02:14:13 +0000 https://drasaracastro.com.br/?p=142 Você sabia que muitas pessoas passam boa parte da vida sem saber que têm TDAH? O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ainda é amplamente associado à infância. Quando pensamos no transtorno, é comum imaginar crianças hiperativas na escola, cheias de energia e dificuldade para se concentrar. Essa é uma situação familiar para muitos […]

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Você sabia que muitas pessoas passam boa parte da vida sem saber que têm TDAH? O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ainda é amplamente associado à infância. Quando pensamos no transtorno, é comum imaginar crianças hiperativas na escola, cheias de energia e dificuldade para se concentrar. Essa é uma situação familiar para muitos pais e professores, mas há um detalhe importante: o TDAH não desaparece com o tempo. Ele cresce junto com a pessoa.

Se antes os sinais eram evidentes no pátio da escola ou durante as lições copiadas do quadro-negro, na vida adulta os sintomas podem parecer mais sutis. Ou melhor: eles mudam de forma. Isso faz com que muitas pessoas sequer desconfiem que aquela sensação constante de “mente embaralhada”, dificuldade em cumprir prazos ou administrar pequenas tarefas cotidianas possa estar relacionada a um transtorno documentado cientificamente.

Uma boa parte dos adultos diagnosticados hoje com TDAH não fazia ideia disso na infância. Alguns acreditavam ser apenas “distraídos”; outros cresceram ouvindo frases como “você é inteligente demais para ser tão desorganizado”. Com o tempo, caíram em ciclos frustrantes na vida pessoal e profissional, sentindo que algo estava desalinhado — mas sem saber exatamente o quê.

Conversas sobre TDAH em adultos ainda são recentes no grande público. Graças ao avanço da neurociência e da saúde mental, sabemos muito mais hoje, mas o tema já passou décadas envolto em equívocos e estigmas. Este artigo existe para explicar não só que adultos podem ter TDAH, mas também como os sintomas evoluem ao longo do tempo — muitas vezes passando despercebidos ou sendo confundidos com traços de personalidade.

O que é TDAH?


O básico sobre TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma condição neurodesenvolvimental, ou seja, está relacionada ao desenvolvimento do cérebro desde cedo na vida. Estudos apontam alterações no funcionamento de áreas ligadas à atenção, controle inibitório (capacidade de resistir a impulsos) e regulação emocional. Apesar de parecer algo abstrato, seus efeitos são bem concretos no dia a dia.

Pessoas com TDAH apresentam padrões comuns em três áreas principais:

  • Desatenção
  • Hiperatividade
  • Impulsividade

Esses traços dão nome ao transtorno, embora nem todos apresentem hiperatividade visível. Existem diferentes classificações dentro do TDAH, com perfis mais desatentos ou impulsivos. Mas é importante destacar: não é uma questão de falta de esforço ou preguiça. O TDAH tem raízes biológicas claras, reconhecidas pela medicina moderna, com diferenças no funcionamento dos sistemas dopaminérgico e outras redes cerebrais.

Entender isso nos leva à próxima questão…

Adultos podem ter TDAH?


Sim, adultos podem ter TDAH

Por muito tempo acreditou-se que o TDAH era restrito à infância, já que as pesquisas iniciais focavam essa faixa etária. Até mesmo os critérios diagnósticos foram criados com base no comportamento infantil observado em contextos escolares. No entanto, estudos mais recentes indicam que os sintomas podem persistir na vida adulta em até 60% dos casos diagnosticados na infância.

Além disso, muitas pessoas só entendem sua condição já adultas porque nenhum sinal foi identificado na infância. Isso ocorre porque os sintomas tendem a se transformar. Crianças com energia “de sobra” podem crescer para se tornarem adultos inquietos mentalmente, com dificuldade em manter o foco, procrastinação frequente e problemas para organizar tarefas simples.

Hoje, profissionais especializados conseguem identificar o TDAH em adultos por meio de entrevistas detalhadas e avaliações específicas. Isso ajuda a diferenciar os sinais do transtorno de comportamentos típicos causados pelas tensões do dia a dia.

Infância x idade adulta: por que os sintomas mudam?


Como os sintomas evoluem ao longo da vida

É lógico imaginar que as exigências da infância são diferentes das da vida adulta. Na infância, tudo gira em torno da escola: prestar atenção nas aulas, fazer lições e seguir regras. É nesse ambiente que sinais como esquecimento frequente ou imaturidade social costumam aparecer.

Na vida adulta, as dificuldades se combinam com responsabilidades como gerenciar trabalho, pagar contas e manter relacionamentos. Imagine lidar com tudo isso sentindo que sua mente é como um navegador de internet com 50 abas abertas ao mesmo tempo — nenhuma delas completamente carregada.

Impactos do TDAH na rotina adulta


Quando o TDAH complica a vida adulta

O TDAH pode afetar três áreas centrais na vida adulta:

  • Trabalho: Dificuldade em organizar tarefas, cumprir prazos e lidar com projetos grandes. Isso pode levar ao estresse constante e a comentários como “você precisa tentar mais”.
  • Relacionamentos: Amigos ou parceiros podem interpretar comportamentos como esquecimento ou desatenção como falta de interesse, gerando conflitos.
  • Saúde emocional: Sentimentos de culpa, ansiedade e baixa autoestima são comuns, especialmente após anos de críticas ou oportunidades perdidas.

Por que tantos adultos não foram diagnosticados antes?


O diagnóstico tardio

Se você se identificou com os sinais descritos, pode estar se perguntando: por que ninguém falou sobre isso quando eu era criança?

Até algumas décadas atrás, o TDAH era um tema marginal na medicina e na psicologia infantil. As pesquisas focavam principalmente meninos hiperativos, enquanto meninas desatentas ou crianças tímidas passavam despercebidas. Além disso, acreditava-se que os comportamentos ligados ao TDAH desapareciam com a idade adulta. Muitos adultos de hoje cresceram ouvindo frases como “isso é só falta de disciplina”, quando na verdade era um transtorno neurológico pedindo atenção.

O tratamento faz diferença?


Tratamento para TDAH em adultos

A boa notícia é que o diagnóstico tardio não significa falta de opções eficazes. Hoje, existem diversos tratamentos para minimizar os impactos do transtorno na rotina, adaptados à realidade de cada pessoa.

Os medicamentos ajudam no funcionamento dos mecanismos cerebrais, melhorando o foco e o controle dos impulsos. Já a terapia comportamental ensina técnicas para gerenciar o tempo, lidar com emoções intensas e criar sistemas organizacionais personalizados. Mudanças simples, como praticar exercícios físicos regularmente ou dividir grandes tarefas em etapas menores, também podem fazer toda a diferença.

Quando buscar ajuda?


A hora certa para agir

Se você se identificou com este artigo ou conhece alguém que pode estar passando por isso, talvez seja o momento de buscar ajuda profissional. O objetivo não é eliminar todos os desafios, mas oferecer ferramentas reais para transformar vidas.

Com terapia, medicação ou simplesmente entendendo que seus comportamentos têm nome e explicação, o primeiro passo para adultos com TDAH é o conhecimento. Saber que sua mente funciona de forma diferente não é motivo de vergonha — é uma oportunidade para viver melhor consigo mesmo.

Leia mais sobre TDAH:

Dra. Sara Koefender Castro
Médica de Família e Comunidade
CRM/RS 39979 RQE 32341

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Conheça 7 vantagens de ter um Médico de Família no cuidado da sua saúde https://drasaracastro.com.br/conheca-7-vantagens-de-ter-um-medico-de-familia-no-cuidado-da-sua-saude/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=conheca-7-vantagens-de-ter-um-medico-de-familia-no-cuidado-da-sua-saude https://drasaracastro.com.br/conheca-7-vantagens-de-ter-um-medico-de-familia-no-cuidado-da-sua-saude/#respond Mon, 14 Apr 2025 01:52:36 +0000 https://drasaracastro.com.br/?p=137 Imagine isso: você entra no consultório e não precisa explicar do zero todos os detalhes sobre sua saúde ou responder novamente aquelas mesmas perguntas que parecem nunca acabar. O médico te cumprimenta pelo nome, conhece sua história desde que você tratou a gripe do ano passado até aquele plano de emagrecimento que está tentando seguir. […]

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Imagine isso: você entra no consultório e não precisa explicar do zero todos os detalhes sobre sua saúde ou responder novamente aquelas mesmas perguntas que parecem nunca acabar. O médico te cumprimenta pelo nome, conhece sua história desde que você tratou a gripe do ano passado até aquele plano de emagrecimento que está tentando seguir. Não é só mais uma consulta. Há contexto, continuidade e, acima de tudo, cuidado real.

Esse é o tipo de relação que ter um Médico de Família proporciona. Ele não apenas olha para os sintomas que você apresenta hoje – ele te enxerga como uma pessoa completa, com todas as suas particularidades físicas, emocionais e sociais. Essa abordagem, chamada de cuidado integral, não é apenas mais próxima; ela é também inteligente, porque considera o que realmente importa: quem você é, sua jornada e onde sua saúde pode estar em risco.

E sabe o melhor? Estamos falando de algo que vai bem além da consulta no consultório. Ter um Médico de Família é como ter alguém acompanhando sua saúde ao longo dos anos, muitas vezes cuidando também dos seus filhos ou até dos seus avós. É como ter um fio condutor na sua história médica – algo que traz organização, confiança e clareza em um mundo onde a saúde muitas vezes parece tão complicada.


1. Um cuidado para a vida toda

Você se lembra daquela série antiga onde os médicos conheciam toda a cidade? Eles sabiam quem era o pai de quem, a irmã de quem, os problemas específicos daquela família… Parece coisa do passado, mas não deveria ser. A ideia por trás dessa relação próxima e contínua é justamente o coração do papel do Médico de Família – alguém que entende você em todas as suas fases da vida.

Esse tipo de profissional não está ali apenas para tratar doenças pontuais. Ele está presente nas suas consultas mais simples até as mais delicadas. Sabe quando você precisa fazer um check-up anual? Ou quando surge aquela dor estranha que você não sabe explicar? Ou quando surge aquela decisão sobre um tratamento, e você se pega precisando da opinião de alguém em quem confia de verdade? Pois bem: seu Médico de Família já conhece você o suficiente para traçar caminhos claros e tomar decisões ao seu lado, baseando-se na sua realidade e não em suposições.

2. Prevenção: o diferencial do cuidado contínuo

Essa continuidade no cuidado gera um benefício poderoso: previsibilidade. Quando alguém acompanha sua saúde por tanto tempo, fica mais fácil identificar padrões ou mudanças discretas que poderiam passar despercebidas em consultas isoladas. Pequenas oscilações no peso ou na pressão arterial podem ser indícios valiosos para prevenir doenças antes mesmo delas se instalarem.

Outro ponto interessante? Isso vale para toda a família! Um Médico de Família pode atender gerações inteiras – da criança ao avô – entendendo os hábitos e condições comuns daquele núcleo familiar. Existe histórico de hipertensão ou diabetes na sua família? Ele já sabe. Alguém tem alergias frequentes? Isso não será ignorado. Essa visão ampla cria uma linha direta entre diagnóstico, tratamento e prevenção.

A palavra “doença” tem um peso que ninguém quer carregar, ainda mais quando surge sem aviso, como um golpe inesperado. Mas seria possível evitar algumas dessas surpresas? Com o acompanhamento preventivo certo, a resposta é sim.

Prevenção pode soar como “aquela coisa chata” que a gente sabe que deveria fazer, mas nunca prioriza. Fazer exames regularmente, controlar fatores como alimentação e estresse… todo mundo ouve sobre isso, mas poucos colocam em prática até que algo realmente aconteça. Se alguém está ao seu lado nesse processo – avisando sobre os momentos certos para fazer exames ou ajudando a organizar sua rotina antes que algum problema apareça –, tudo flui de uma maneira mais tranquila e natural.

3. Um olhar individualizado

Um Médico de Família entende seus riscos específicos. Não se trata apenas de olhar para os dados gerais ou seguir um protocolo inflexível; trata-se de enxergar você como um indivíduo com necessidades únicas – desde aqueles pequenos sinais nos exames até os impactos do estilo de vida.

Por exemplo, situações frequentes como colesterol alto ou pré-diabetes podem ser identificadas precocemente e corrigidas antes de se transformarem em algo mais sério. E há ainda o lado humano disso tudo: confiar em um médico próximo faz toda a diferença quando ele sugere mudanças no seu cotidiano. Você não sente aquela resistência automática – afinal, ele já demonstrou conhecer seu contexto e respeitar seu ritmo.


4. O todo maior que a soma das partes

Quando falamos sobre saúde integral – esse olhar amplo para corpo, mente e ambiente –, estamos falando sobre enxergar pessoas como pessoas e não apenas como partes isoladas funcionando (ou falhando). Aqui está talvez uma das maiores forças do Médico de Família: ele não vê sintomas; ele vê histórias.

Sabe aquela dor nas costas que apareceu recentemente? Pode ser o reflexo de horas mal sentadas no trabalho… ou quem sabe o impacto emocional do estresse não resolvido? Um clínico geral poderia tratar só o fisiológico; o ortopedista focaria nos músculos e ossos. Mas um Médico de Família conecta todas essas peças antes mesmo de decidir o melhor caminho.

Isso acontece porque ele reconhece os contextos da sua vida: conhece seus hábitos diários, os tipos de pressão que enfrenta no trabalho e talvez até suas dificuldades pessoais. Essa abordagem integral permite diagnósticos mais precisos e tratamentos muito mais eficazes.


5. Histórico integrado sem complicações

Pense em quantas vezes você já foi ao médico para explicar toda a sua história médica, com datas confusas e diagnósticos meio esquecidos na memória. Talvez tenha sido só uma dor aqui ou uma alergia ali, mas tentar desfiar todos esses acontecimentos é exaustivo – sem contar o risco de deixar passar informações importantes.

Agora imagine se tudo isso estivesse nas mãos de alguém que conhece você há anos. Quando você tem um Médico de Família, ele se torna o guardião do seu histórico médico – alguém que conecta os pontos entre o passado e o presente para oferecer soluções mais eficazes no futuro.

Por exemplo: digamos que você vá a ele por uma dor persistente no abdômen. Em vez de iniciar do zero ou pedir uma bateria enorme de exames desnecessários, ele pode se lembrar daquela intolerância identificada meses atrás ou do medicamento recente que possivelmente irritou seu estômago. Esse conhecimento integrado evita redundâncias (como exames repetidos ou consultas a especialistas sem necessidade) e acelera diagnósticos.


6. Um vínculo que transforma a saúde

Pense por alguns segundos: quantas pessoas realmente conhecem você profundamente? Agora pense nisso dentro do contexto da saúde. Difícil imaginar uma relação assim acontecendo em consultas apressadas ou médicos diferentes a cada nova questão.

O vínculo entre médico e paciente no cuidado familiar é diferente porque cresce com o tempo. Quanto mais ele acompanha sua jornada – incluindo suas vitórias e reveses –, mais preciso ele fica em entender o que funciona melhor para você.

Outro ponto a ser considerado: confiança abre caminho para diálogos verdadeiros. Mesmo aquelas preocupações um pouco embaraçosas ou medos difíceis de verbalizar acabam vindo à tona quando você tem certeza de estar sendo ouvido por quem te entende como ninguém mais no universo médico.


7. Mais eficiência, menos desperdício

Por fim, vale refletir sobre algo que pesa bastante hoje em dia: os custos crescentes com saúde. Quando escolhemos atendimentos fragmentados – médicos diferentes cada vez que surge um problema –, existe sempre o risco de duplicação desnecessária: pedidos repetidos do mesmo exame, altos custos com muitos especialistas ou até tratamentos mal ajustados à situação real do paciente.

O Médico de Família elimina grande parte desse ciclo ineficiente. Ele acompanha sua saúde de forma completa e, cuidando também de sua família, pode identificar problemas cedo, evitar procedimentos desnecessários e optar por soluções mais simples e eficazes.

Economia aqui não se trata apenas de dinheiro… mas também de tempo e energia emocional.


Ter um Médico de Família não é apenas sobre consultas médicas; é sobre construir uma base sólida para cuidar melhor de quem somos – corpo e mente –, independentemente das fases pelas quais passamos. Não há motivo para enfrentar essas jornadas sozinho quando existe alguém disposto a caminhar com você pela vida inteira.

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Superdotação ou TDAH: como diferenciar e evitar um diagnóstico equivocado https://drasaracastro.com.br/superdotacao-ou-tdah-como-diferenciar-e-evitar-um-diagnostico-equivocado/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=superdotacao-ou-tdah-como-diferenciar-e-evitar-um-diagnostico-equivocado Mon, 10 Mar 2025 03:58:28 +0000 https://drasaracastro.com.br/?p=98 Imagine que você percebe algo diferente no comportamento de uma criança. Pode ser seu filho, seu aluno ou até aquele sobrinho curioso da família. Ele parece sempre inquieto. Às vezes se distrai ao ponto de esquecer tarefas simples, mas em outros momentos faz perguntas surpreendentemente profundas para alguém tão novo. Você já ouviu comentários como: […]

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Imagine que você percebe algo diferente no comportamento de uma criança. Pode ser seu filho, seu aluno ou até aquele sobrinho curioso da família. Ele parece sempre inquieto. Às vezes se distrai ao ponto de esquecer tarefas simples, mas em outros momentos faz perguntas surpreendentemente profundas para alguém tão novo. Você já ouviu comentários como: “Ele deve ter TDAH” ou “Acho que ele é superdotado”. E aí você se pergunta: como saber?

Afinal, essas duas condições podem ser fáceis de confundir — mas têm necessidades completamente diferentes. Chegar a um diagnóstico preciso exige algo a mais: compreender quem aquela criança é de verdade. Tanto a superdotação quanto o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) podem transformar profundamente sua experiência na escola e nos relacionamentos. Tomar um caminho errado no diagnóstico pode levar a tratamentos desnecessários ou ao abandono de talentos incríveis.

Neste texto, vamos explorar os detalhes que muitas vezes passam despercebidos. Primeiro, precisamos esclarecer: superdotação e TDAH são condições distintas, mas compartilham traços que podem enganar até os mais atentos. Vamos começar entendendo o básico.


O que é superdotação? O que é TDAH?

Superdotação não é sinônimo de tirar boas notas. Nem toda criança superdotada vai brilhar na escola ou nas olimpíadas científicas (embora algumas brilhem!). Estamos falando de um conjunto único de habilidades ou talentos em áreas como inteligência, criatividade ou liderança — muitas vezes muito além do esperado para a idade da criança. Pessoas superdotadas costumam aprender com rapidez, demonstrar fascínio por temas específicos e enxergar com clareza questões que outros podem achar desafiadoras.

Porém, nem tudo é brilho constante. Superdotados também podem lutar contra frustrações intensas quando não são compreendidos ou desafiados adequadamente.

Agora imagine uma criança com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). O TDAH não é sobre incapacidade intelectual — longe disso! Ele envolve padrões persistentes de desatenção, impulsividade e/ou hiperatividade que dificultam tarefas cotidianas como prestar atenção por longos períodos ou até esperar sua vez numa brincadeira.

Quando não recebem a atenção que merecem, ambas as condições podem pesar profundamente no aspecto emocional. É comum serem confundidas porque apresentam comportamentos semelhantes à primeira vista — mas as origens e necessidades dessas crianças diferem bastante.


Por que tanta confusão?

Se você já se perguntou como uma coisa pode ser confundida com outra tão diferente, aqui está o motivo: há comportamentos compartilhados entre crianças superdotadas e crianças com TDAH.

  • Superdotados podem parecer desatentos na sala de aula porque estão entediados com conteúdos simples demais.
  • Crianças com TDAH também podem parecer desatentas — mas porque têm dificuldade genuína em manter o foco por períodos prolongados.
  • Ambas podem ser inquietas: o superdotado porque busca constantemente estímulos novos; o portador de TDAH porque sua hiperatividade limita sua capacidade de “parar” por muito tempo.

Outro aspecto relevante é que muitos superdotados têm uma conexão emocional intensa, o que faz com que se frustrem ou se empolguem de maneira muito fácil. Isso às vezes é confundido com impulsividade, característica típica do TDAH.

Então olhamos para essas crianças inquietas, distraídas, questionadoras… e erramos a leitura delas. Mas calma! Dá para separar as coisas quando observamos as nuances.


Características específicas: pistas importantes

Quando começamos a olhar mais de perto, percebemos algumas diferenças fundamentais:

SuperdotaçãoTDAH
Aprende rápido mesmo sem explicações detalhadas.Falta persistente de atenção em situações corriqueiras.
Mostra curiosidade insaciável sobre assuntos específicos.Impulsividade marcante (como interromper conversas).
Tem vocabulário avançado para a idade.Dificuldade em planejar ou organizar atividades do dia a dia.
Emocionalmente sensível (pode reagir intensamente ao fracasso).Hiperatividade física notável (não consegue ficar parado por muito tempo).

E aqui vem talvez a maior pista: a origem do comportamento. No caso do superdotado, há certa lógica interna por trás das ações (entediado na aula porque já sabe aquilo). No TDAH, os comportamentos refletem dificuldades no funcionamento do cérebro relacionadas à regulação da atenção e autocontrole.


O papel da escola e da família

Seja em casa ou na escola, é nesses dois contextos que as nuances das crianças mais aparecem — e onde as primeiras pistas surgem. Só que nem sempre pais ou professores sabem interpretar o que estão vendo.

Por exemplo: imagine uma criança que não fica sentada por cinco minutos sequer durante uma aula. Ali, entre cadernos abertos e lições incompletas, pode estar uma grande incógnita. Será que ela está entediada porque precisa de um nível maior de desafio? Ou será que está lutando contra uma hiperatividade tão intensa que mal consegue controlar?

No ambiente escolar, alguns superdotados são erroneamente vistos como “distraídos” porque já conhecem o conteúdo apresentado e encontram maneiras alternativas (e nem sempre produtivas) de se ocupar durante a aula. Outros podem ser rótulos vivos de “alunos-problema”, desafiando professores constantemente com perguntas difíceis ou questionamentos fora do tópico principal da aula.

Já em casa, os desafios são outros. Pais descrevem crianças com uma curiosidade insaciável — passam três dias fascinadas por dinossauros e, de repente, já estão imersas em algo novo, como buracos negros. Porém, também enfrentam desafios que costumam aparecer em casos de TDAH ou superdotação, como explosões de frustração diante de limites simples ou mudanças bruscas de interesse nas tarefas cotidianas.

Pais e professores precisam prestar atenção aos detalhes, observando padrões com calma antes de tirar conclusões. De um lado, dá para estimular as áreas de interesse dessas crianças (independentemente do diagnóstico). De outro, registrar os comportamentos diários pode ser precioso para os profissionais no futuro.


Quem procurar? Evitando diagnósticos precipitados

Uma das grandes dúvidas — e também medos! — de quem lida com crianças que apresentam esses sinais é saber quando e a quem recorrer. Infelizmente, o caminho nem sempre é claro.

O diagnóstico começa com suspeitas levantadas por pais ou professores e segue para especialistas capacitados. Pediatras costumam ser os primeiros consultados porque acompanham o desenvolvimento infantil desde cedo. Chegar a um diagnóstico definitivo geralmente exige que médicos capacitados e psicólogos conduzam avaliações específicas.

E aqui vem um momento delicado: os erros comuns. A tentativa de diagnosticar sem uma avaliação profunda pode levar à atribuição errada dos comportamentos observados. Por exemplo:

  • Interpretar apenas a agitação como TDAH sem considerar o contexto (como desinteresse por conteúdo fácil demais).
  • Ver apenas inteligência acima da média enquanto ignora problemas reais na autorregulação emocional ou impulsividade.
  • Fazer diagnósticos exclusivamente com base em testes padronizados, negligenciando relatos do cotidiano escolar/familiar.

O segredo? Resistir à pressa! Tanto superdotação quanto TDAH precisam de uma análise cuidadosa — feita de forma individualizada, levando em conta quem aquela criança é em diferentes ambientes.


Por que multidisciplinaridade?

Um diagnóstico bem feito raramente vem de um único profissional ou método. É preciso colaboração contínua entre diferentes áreas:

  • Médico: explora fatores fisiológicos que possam estar conectados aos sintomas apresentados.
  • Psicólogo: ajuda a mapear traços emocionais ou cognitivos através de testes específicos.
  • Educadores: observam dia após dia como a criança reage ao ambiente acadêmico.

E sabe o que acontece quando as peças finalmente se encaixam? Surge um plano realmente funcional! Seja usar estratégias pedagógicas diferenciadas para o superdotado ou desenvolver técnicas terapêuticas específicas no caso do TDAH — tudo começa a atender as necessidades reais daquela criança.


Apoio para crescer

Superdotados ou portadores de TDAH podem enfrentar desafios enormes se não forem compreendidos — mas essa história não precisa acabar mal.

Quando recebem o suporte certo, as diferenças se tornam forças únicas: o superdotado pode brilhar em sua área talentosíssima enquanto aprende modos saudáveis de lidar com expectativas; já a criança com TDAH pode descobrir ferramentas incríveis para usar sua energia enorme a favor da criatividade.

O futuro é cheio de possibilidades quando olhamos para esses perfis com atenção verdadeira ao que cada um tem de diferente (e especial). Seja qual for o caso — talento extraordinário ou desafio neurocomportamental — o maior presente que adultos podem oferecer é aceitação sem rótulos apressados.

Crianças inquietas muitas vezes carregam perguntas maiores do que nós podemos imaginar… mas algumas respostas estão nas nossas mãos.

Leia mais sobre superdotação!

Dra. Sara Koefender Castro
Médica de Família e Comunidade
CRM/RS 39979 RQE 32341

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Como garantir a pega correta na amamentação: Dicas essenciais para mães https://drasaracastro.com.br/como-garantir-a-pega-correta-na-amamentacao-dicas-essenciais-para-maes/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=como-garantir-a-pega-correta-na-amamentacao-dicas-essenciais-para-maes Mon, 10 Mar 2025 03:40:59 +0000 https://drasaracastro.com.br/?p=94 Dicas práticas para ajudar mães a alcançar a pega correta durante a amamentação. Ouvimos falar que amamentar é “natural”, “intuitivo” e “o melhor para o bebê”. Tudo isso é verdade em algum nível, mas há uma parte dessa história que nem sempre nos contam: o “natural” nem sempre vem sem esforço. A ideia de que […]

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Dicas práticas para ajudar mães a alcançar a pega correta durante a amamentação. Ouvimos falar que amamentar é “natural”, “intuitivo” e “o melhor para o bebê”. Tudo isso é verdade em algum nível, mas há uma parte dessa história que nem sempre nos contam: o “natural” nem sempre vem sem esforço. A ideia de que “é só colocar o bebê no peito e tudo flui” não leva em conta as dores, confusões e desafios enfrentados por muitas mães.

É aqui que entra a conversa sobre a chamada pega correta. Pode parecer um detalhe técnico à primeira vista, mas é esse detalhe que faz toda a diferença entre uma experiência harmoniosa ou dias (e noites!) cheios de frustração. Uma pega errada não causa apenas desconforto na mãe; ela pode significar um bebê cansado demais para mamar adequadamente ou mesmo baixo ganho de peso nas primeiras semanas cruciais. Corrigir isso — ou até prevenir que aconteça — traz alívio físico e emocional.

E sabe aquela frase tão repetida: “É só persistir que dá certo”? Bom, nem sempre é só isso. Às vezes, insistir no caminho errado traz ainda mais sofrimento. Por isso, o conhecimento sobre pega correta não deveria ser privilégio de consultoras; deveria estar acessível como um guia gentil para cada mãe. Vamos descomplicar esse tema juntas? Sem julgamentos, sem fórmulas mágicas, mas com dicas práticas e apoio real.

A Importância da Pega Correta

Uma pega eficiente é quase como uma dança bem coreografada entre mãe e bebê: ela alivia as tensões musculares enquanto ele suga com força suficiente para extrair o leite sem dificuldades. E, por mais que essa comparação soe poética, o impacto disso é muito prático.

Por que a pega errada é um problema?

Primeiro: uma pega errada pode machucar. Fissuras no mamilo ou dor ao amamentar são muitas vezes sinais de que algo precisa ser ajustado. A boa notícia? Pequenas mudanças no posicionamento do bebê podem evitar muitos desses problemas antes que eles virem grandes.

Depois: pense no bebê. Com uma boa pega, ele consegue extrair todo o leite de que precisa, inclusive aquela parte mais concentrada que chega ao final da mamada, conhecida como leite posterior. Isso não só melhora sua saciedade como também pode reduzir aquelas crises intermináveis de choro que partem o coração da gente. Dormir depois de alimentar um bebê bem satisfeito torna-se mais fácil.

O objetivo maior não é uma performance perfeita desde o início. O foco é criar condições para que as coisas fluam melhor. A pega correta não é só sobre eficiência; também é sobre transformar a amamentação numa experiência menos tensa e mais prazerosa para ambos.

Como Identificar e Corrigir Problemas

Sinais de que a pega está correta

Como saber se está tudo indo bem? Essa é uma das dúvidas mais frequentes de quem busca facilitar uma boa pega durante a amamentação. Existem alguns sinais clássicos de que você encontrou aquele ponto ideal entre conforto e funcionalidade:

  • Você sentiu dor? Não? Ótimo sinal.
  • O bebê parece relaxado após mamar?
  • Ele solta o peito espontaneamente após algum tempo?
  • Os lábios dele estão voltados para fora na hora da sucção?

Por outro lado, mamilos achatados ou com fissuras podem ser um sinal de que o bebê não está fazendo a pega corretamente. Outras pistas incluem estalos durante a sucção (indícios de ar entrando) e um bebê inquieto ao final das mamadas devido à fome persistente.

Dicas práticas para ajustar a pega

Se algo parecer fora do esperado, não se desespere! Algumas dicas rápidas podem ajudar:

  1. Verifique se o bebê está com a boca bem aberta antes de abocanhar o seio.
  2. Ajuste o ângulo da cabeça dele (geralmente levemente inclinada para trás ajuda).
  3. Certifique-se de que ele abocanha não só o mamilo, mas também boa parte da auréola ao redor.
  4. Verifique que sua mama não esteja muito tensa, ingurgitada, ou “cheia”, pois o mamilo também pode ficar tenso e mais difícil de ser abocanhado corretamente. Se for o caso, ordenhe manualmente ou com uma bomba antes de colocar o bebê no seio.
  5. Com a pega correta, o bebê não fica com a boca excessivamente tensa, ele parece confortável e não fazendo força excessiva, como se se esforçasse demasiadamente para permanecer ao seio.

Se mesmo assim houver dúvidas ou desconfortos persistentes, não hesite em buscar auxílio profissional. Corrigir algo na pega é completamente possível e faz parte da jornada entre você e seu bebê.

Posições que podem ajudar

A posição em que você se senta — assim como a maneira como segura seu bebê — pode redefinir todo o processo. Existem posições clássicas como a “posição tradicional” ou outras alternativas, como a “posição invertida” (excelente para recém-nascidos menores ou situações especiais). Experimentar diferentes posições faz parte do aprendizado.

Tente se acomodar onde sente estabilidade (talvez com almofadas ajudando). Coloque o bebê numa altura em que ele não precise torcer o pescoço para acessar o seio. Cada ajuste conta.

Dores Não São Normais

Vamos desfazer uma ideia equivocada: sentir dor ao amamentar não é um processo “normal”. Pode até ser comum nos primeiros dias, enquanto você e o bebê ainda estão aprendendo. Mas dor contínua? Não deveria estar no roteiro.

Se dói — realmente dói — seu corpo está tentando dizer algo. Pode ser uma pega errada, tensão no modo como você segura o bebê ou até algo menos óbvio, como um frênulo lingual curto (aquela pequena membrana na língua do bebê). Avaliar isso com um especialista pode ser essencial.

Persistir não precisa envolver sofrimento desnecessário. Se você começar a sentir desânimo ou exaustão emocional por causa da dor, pause. Busque apoio e lembre-se: respeitar seus próprios limites não diminui em nada o valor de ser mãe.

Mitos Que Atrapalham

Agora vamos falar sobre os mitos. Sim, eles estão por toda parte. Você provavelmente já ouviu pelo menos algum desses:

  • “Se seus seios são pequenos, pode faltar leite.”
  • “É normal doer porque o leite está ‘descendo’.”
  • “Se o bebê chora muito, seu leite não sustenta.”
  • “Use bicos artificiais para facilitar a pega.”

Muitos desses mitos parecem quase verdadeiros à primeira vista, mas carecem de base científica ou empatia pela realidade de cada mãe. O tamanho dos seios, por exemplo, não tem nada a ver com a produção de leite. E o choro? Todo bebê chora por vários motivos, como fome, cansaço, fralda cheia ou desconforto.

O problema dos mitos é que eles plantam dúvida — aquela vozinha insidiosa na sua cabeça dizendo: “Será que estou sendo suficiente?” Questione informações generalistas e busque fontes confiáveis, como consultoras em aleitamento materno.

Não use bicos artificiais sem orientação de uma profissional com experiência em amamentação. Se forem mal indicados, podem mais atrapalhar do que ajudar.

O Vínculo Além do Leite

Por fim, vamos olhar além do aspecto técnico da amamentação. Ajustar as posições e corrigir a pega faz toda a diferença. Mas sabe o que importa tanto quanto isso? O vínculo emocional que você está nutrindo com seu bebê em cada mamada — mesmo nos dias difíceis.

Quando você amamenta, seu corpo libera ocitocina (o famoso hormônio do amor), ajudando a fortalecer a conexão com o bebê. Ele busca mais do que alimento; ele busca você para se sentir protegido e seguro.

Esse vínculo não está condicionado à perfeição. Nem toda mãe conseguirá cumprir meses ou anos de amamentação como imaginou — e tudo bem! O carinho que nutre esse laço vai muito além do leite materno.

Quando Buscar Ajuda

Procure auxílio quando dúvida ou frustração começarem a tomar espaço demais na sua rotina. Pedir ajuda não é fracasso; é inteligência emocional em ação.

Profissionais como consultoras em aleitamento materno podem identificar detalhes técnicos que você talvez não perceba sozinha. Além disso, o apoio emocional de amigos, familiares ou grupos virtuais pode ser um verdadeiro bálsamo.

A maternidade é uma jornada cheia de curvas inesperadas. Se há algo que queremos proteger mais do que nunca nesses dias imprevisíveis, é nosso amor-próprio. E sabe de uma coisa? Você já está indo bem só por tentar. Nunca se esqueça disso.


Leia mais sobre amamentação!

Dra. Sara Koefender Castro
Médica de Família e Comunidade
CRM/RS 39979 RQE 32341

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Superdotação Infantil: Sinais Precoces, Como Identificar e Quando Buscar Avaliação https://drasaracastro.com.br/superdotacao-infantil-sinais-precoces-como-identificar-e-quando-buscar-avaliacao/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=superdotacao-infantil-sinais-precoces-como-identificar-e-quando-buscar-avaliacao https://drasaracastro.com.br/superdotacao-infantil-sinais-precoces-como-identificar-e-quando-buscar-avaliacao/#comments Mon, 10 Mar 2025 02:57:27 +0000 https://drasaracastro.com.br/?p=87 Quando pensamos em uma criança superdotada, é comum imaginar alguém resolvendo equações complexas ou impressionando adultos com conhecimentos vastos antes mesmo de perder os dentes de leite. Embora isso seja verdade para algumas crianças, a realidade da superdotação é muito mais rica e complexa do que esses estereótipos sugerem. A superdotação infantil não se resume […]

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Quando pensamos em uma criança superdotada, é comum imaginar alguém resolvendo equações complexas ou impressionando adultos com conhecimentos vastos antes mesmo de perder os dentes de leite. Embora isso seja verdade para algumas crianças, a realidade da superdotação é muito mais rica e complexa do que esses estereótipos sugerem.

A superdotação infantil não se resume a atingir marcos mais cedo ou a obter números altos em testes padronizados. Trata-se de características cognitivas, emocionais e comportamentais que fazem essas crianças enxergarem o mundo de forma única – muitas vezes com uma intensidade que pode ser desafiadora para pais e professores acompanharem.

Identificar essa condição não é apenas sobre encontrar futuros “Einsteins”. Reconhecer altas habilidades desde cedo pode ser a diferença entre oferecer um ambiente que nutra suas potencialidades ou deixá-las desmotivadas em um espaço que não atende às suas necessidades. Superdotação não é apenas uma vantagem; ela pode trazer desafios emocionais sutis que passam despercebidos por olhos despreparados.

Mas como reconhecer esses sinais? Como saber se uma criança é apenas “avançada” ou se há algo mais profundo em sua forma de interagir com o mundo? Vamos explorar o que realmente significa ser uma criança superdotada.


O Que É Superdotação Infantil?

O termo “superdotação infantil” pode parecer simples, mas ao analisarmos mais profundamente, percebemos suas múltiplas dimensões. Não se trata apenas de inteligência no sentido clássico. A palavra “inteligência” abrange muitos aspectos: criatividade, capacidade emocional avançada, habilidades motoras refinadas em atividades artísticas, entre outros. O conceito vai muito além do óbvio.

Especialistas definem superdotação como capacidades significativamente acima da média em comparação com crianças da mesma faixa etária. Isso pode incluir habilidades cognitivas, artísticas ou físicas – ou uma combinação única dessas características. Um traço comum é a overexcitability, uma intensidade emocional e mental frequentemente confundida com “ansiedade” ou “teimosia”.

Por isso, medir apenas eficiência acadêmica ou resultados de QI não é suficiente para captar toda a riqueza da superdotação. Esses elementos podem até mascarar talentos únicos, como o fascínio de uma criança por astronomia aos 5 anos ou sua empatia incomum para a idade.


Sinais Precoces: Como Identificar

Os primeiros anos da infância são cruciais para identificar sinais de superdotação. Embora muitas crianças demonstrem curiosidade natural, algumas características se destacam pela intensidade ou atipicidade. Veja alguns exemplos:

  • Alta sensibilidade: Tanto emocional quanto sensorial. A criança pode chorar intensamente com cenas tristes ou se incomodar muito com barulhos altos.
  • Interesses incomuns: Enquanto outras crianças falam sobre desenhos animados, ela quer entender como funciona o motor de um carro ou por que o céu muda de cor.
  • Vocabulário avançado: Utiliza palavras complexas de forma espontânea e no contexto correto.
  • Persistência nos questionamentos: Faz perguntas desafiadoras constantemente e conecta ideias de forma instintiva.

Nem sempre os sinais são óbvios, pois podem se misturar ao comportamento infantil típico. Por isso, é importante observar o padrão único de cada criança.


Superdotação x Avanço Acadêmico

É comum confundir superdotação com avanço acadêmico. Uma criança que aprende rápido nem sempre é superdotada, embora as duas características possam coexistir. A diferença está na profundidade do raciocínio.

Enquanto um aluno pode ir bem nas aulas por esforço e estudo, o superdotado demonstra uma capacidade inata de processar conceitos complexos de forma intuitiva. Ele não apenas absorve conhecimento rapidamente, mas o transforma em algo novo, aplicando-o de maneiras inesperadas.


O Papel da Família e da Escola

A família e a escola desempenham papéis fundamentais na identificação e no desenvolvimento das altas habilidades. No entanto, essa influência pode ser positiva ou limitadora, dependendo de como os sinais são interpretados.

Imagine uma criança curiosa de quatro anos que faz perguntas sobre a formação das nuvens enquanto brinca. Um adulto atento pode nutrir esse interesse com explicações simples e exemplos práticos. Por outro lado, respostas evasivas ou desinteresse podem ensinar à criança que sua curiosidade não é valorizada.

Na escola, o desafio é ainda maior. Crianças superdotadas podem ser vistas como “alunos exemplares” que não precisam de atenção ou como “desafiadoras” devido a comportamentos fora do padrão. Em ambos os casos, há risco de desmotivação.

O segredo está na parceria entre família e escola, criando um ambiente que permita à criança explorar seus interesses sem pressão ou preconceitos.


Quando Procurar Avaliação?

Uma dúvida comum é: “Quando devo buscar ajuda profissional?” A resposta depende de vários fatores, mas alguns sinais podem indicar a necessidade de avaliação:

  • Frustração ou tédio em atividades escolares, mesmo quando realizadas com facilidade.
  • Sensibilidade emocional ou sensorial intensa, com reações desproporcionais a situações simples.
  • Busca constante por informações ou estímulos diferentes, acompanhada de questionamentos profundos.

Não é necessário esperar que algo esteja “errado”. Psicólogos especializados em altas habilidades são os profissionais indicados para guiar esse processo.


Como Funciona o Diagnóstico?

O diagnóstico de superdotação vai além de um teste de QI. Ele envolve uma avaliação abrangente que considera inteligência lógico-abstrata, criatividade, habilidades sociais e emocionais, além de preferências específicas.

O processo inclui entrevistas com pais e professores para entender o comportamento da criança em diferentes contextos. Ferramentas padronizadas ajudam a identificar características típicas da superdotação, mas o papel do especialista é interpretar esses dados no contexto da vida real.

O diagnóstico não é um rótulo, mas um mapa que orienta estratégias para apoiar o desenvolvimento da criança.


Desafios Invisíveis

Crianças superdotadas enfrentam desafios emocionais que nem sempre são óbvios. Alta sensibilidade pode levá-las a se sentirem isoladas em grupos onde seus interesses não são compreendidos, gerando solidão.

Além disso, elas costumam ser muito exigentes consigo mesmas, o que pode causar ansiedade ou medo de fracassar em áreas menos familiares. Por isso, oferecer apoio emocional é tão importante quanto valorizar suas capacidades cognitivas.


Próximos Passos Após o Diagnóstico

Receber um diagnóstico é apenas o começo. Os próximos passos devem considerar não apenas o desenvolvimento intelectual, mas também o artístico, afetivo e social.

Adaptações no currículo escolar, como programas para altas habilidades ou aceleração, podem ser úteis. Atividades extracurriculares e criativas também ajudam a construir autoconfiança enquanto a criança explora seus interesses.

No final, o apoio constante da família e dos educadores é essencial – não para transformar a criança em um “gênio”, mas para permitir que ela cresça de forma autêntica, descobrindo suas capacidades enquanto mantém a leveza de ser quem é.

Dra. Sara Koefender Castro
Médica de Família e Comunidade
CREMERS 39971 / RQE 32341

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Diabetes gestacional: descubra os cuidados essenciais para uma gestação tranquila e segura https://drasaracastro.com.br/diabetes-gestacional-descubra-os-cuidados-essenciais-para-uma-gestacao-tranquila-e-segura/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=diabetes-gestacional-descubra-os-cuidados-essenciais-para-uma-gestacao-tranquila-e-segura Thu, 27 Feb 2025 19:31:31 +0000 https://drasaracastro.com.br/?p=80 A gravidez é um dos momentos mais especiais na vida de qualquer mulher. É um período cheio de expectativas, planos e amor, mas também repleto de mudanças no corpo que podem trazer desafios inesperados. Um desses desafios pode ser o diabetes gestacional – uma condição que afeta mulheres grávidas, mesmo aquelas sem histórico de diabetes […]

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A gravidez é um dos momentos mais especiais na vida de qualquer mulher. É um período cheio de expectativas, planos e amor, mas também repleto de mudanças no corpo que podem trazer desafios inesperados. Um desses desafios pode ser o diabetes gestacional – uma condição que afeta mulheres grávidas, mesmo aquelas sem histórico de diabetes anterior.

Por mais assustador que o nome possa parecer, a verdade é que o diabetes gestacional pode ser controlado de forma simples quando identificado a tempo, protegendo tanto a mãe quanto o bebê. Saber mais sobre essa condição é o primeiro passo para encarar a situação com informação e confiança. Compreender o que está acontecendo no seu corpo – e as razões por trás disso – abre caminho para escolhas mais conscientes durante essa fase tão marcante.

Você sabia que até mulheres saudáveis podem desenvolver diabetes gestacional? Isso ocorre porque, durante a gravidez, os hormônios produzidos pela placenta podem interferir na insulina – o hormônio responsável por controlar os níveis de açúcar no sangue. Com isso, algumas mulheres têm dificuldade em manter a glicose sob controle. Mas calma: isso não significa culpa ou algo que poderia ter sido evitado. Para muitas, é apenas uma reação biológica natural da gravidez.

A boa notícia é que, com acompanhamento médico e pequenas mudanças no estilo de vida, é possível passar por essa fase com tranquilidade e dar as boas-vindas ao seu bebê com saúde. Vamos explorar o assunto para entender melhor? Primeiro, precisamos responder à pergunta básica:

O que é diabetes gestacional?

O diabetes gestacional é caracterizado pelo aumento do nível de açúcar no sangue durante a gravidez. Diferente de outros tipos de diabetes – como o tipo 1 ou tipo 2 –, ele geralmente surge apenas durante a gestação e costuma desaparecer logo após o parto. Mesmo assim, é essencial monitorar essa condição para evitar complicações.

Mas por que isso acontece? Durante a gestação, a placenta – responsável por nutrir e proteger o bebê – produz hormônios que podem interferir no funcionamento da insulina, dificultando o controle dos níveis de glicose no sangue. Isso pode levar ao acúmulo de açúcar no sangue, resultando no diabetes gestacional.

Fatores de risco

Alguns fatores aumentam as chances de desenvolver diabetes gestacional. Entre eles:

  • Idade materna acima de 35 anos;
  • Histórico familiar de diabetes;
  • Sobrepeso ou obesidade antes da gravidez;
  • Gestações anteriores com diagnóstico de diabetes gestacional;
  • Presença de síndrome dos ovários policísticos (SOP).

Vale lembrar que, mesmo sem nenhum desses fatores, o corpo pode reagir dessa forma à gravidez. Por isso, o acompanhamento médico é indispensável.

Como é feito o diagnóstico?

O curioso sobre o diabetes gestacional é que ele nem sempre apresenta sintomas. Enquanto outros tipos de diabetes podem causar sede excessiva, aumento na frequência urinária ou cansaço extremo, muitas mulheres grávidas se sentem bem, mesmo com níveis desregulados de glicose – pelo menos no início. Isso torna o diagnóstico clínico indispensável.

Exames e sinais de alerta

O médico geralmente solicita exames específicos no primeiro trimestre e entre a 24ª e 28ª semanas de gravidez (embora, em alguns casos, o teste possa ser feito antes). Os testes mais comuns são a glicemia de jejum, realizada já no início da gestação e, mais tarde, o Teste Oral de Tolerância à Glicose, no qual você consome uma solução açucarada e tem seus níveis de açúcar monitorados ao longo do tempo. Apesar de não ser o exame mais confortável, ele é rápido e eficaz.

Se você ainda não chegou nessa fase do pré-natal, fique atenta a alguns sinais sutis que podem indicar alterações nos níveis de glicose:

  • Sensação persistente de cansaço;
  • Sede ou fome em excesso;
  • Infecções urinárias frequentes;
  • Bebê crescendo acima do esperado para a idade gestacional (detectado em ultrassons) ou pela medida da altura uterina.

Mesmo prestando atenção aos sinais, nada substitui a importância de consultas regulares com o médico.

Alimentação: sua aliada no controle

O ditado “você é o que você come” nunca fez tanto sentido. No caso do diabetes gestacional, a alimentação tem um impacto direto no controle dos níveis de glicose durante a gravidez.

Dicas práticas para uma dieta equilibrada

Você não precisa adotar dietas radicais. O segredo está no equilíbrio. Prefira alimentos ricos em fibras, como frutas inteiras (em vez de sucos), vegetais frescos e grãos integrais. Esses alimentos ajudam a desacelerar a liberação de glicose no sangue, evitando picos.

Algumas trocas simples podem fazer diferença: substitua pão branco por integral e arroz branco por arroz integral. E quanto aos doces? Reserve-os para ocasiões especiais e consuma com moderação.

Outra dica valiosa é dividir as refeições em porções menores ao longo do dia. Isso ajuda a evitar oscilações bruscas nos níveis de açúcar. Sempre consulte um médico ou nutricionista antes de fazer mudanças na dieta.

Exercícios físicos seguros na gravidez

Movimentar o corpo é uma excelente forma de estabilizar os níveis de açúcar no sangue. Não é necessário se tornar uma atleta – atividades leves e prazerosas já são suficientes.

Atividades recomendadas

Caminhadas ao ar livre são uma ótima escolha. Além de ajudar no controle da glicemia, elas melhoram o humor. Outras opções incluem yoga pré-natal e exercícios aquáticos, que aliviam o impacto nos movimentos e proporcionam sensação de leveza.

Antes de iniciar qualquer atividade, converse com seu médico para garantir que ela seja segura para você e seu bebê.

Monitoramento da glicose: rotina e confiança

Monitorar os níveis de açúcar no sangue é essencial para quem tem diabetes gestacional. Embora a ideia de picar os dedos diariamente possa parecer intimidadora, esse hábito é fundamental para o controle da condição.

Encare cada medição como uma conversa com seu corpo. Oscilações são normais durante a gravidez, mas o importante é entender os padrões gerais e compartilhar essas informações com o médico.

Dica prática: reserve horários fixos para medir a glicose e integre esse hábito à sua rotina diária.

E depois do parto?

Uma das dúvidas mais comuns é: o diabetes vai embora após o nascimento do bebê? Na maioria dos casos, sim! Após o parto, os hormônios da placenta deixam de circular, resolvendo naturalmente a resistência à insulina.

No entanto, ter tido diabetes gestacional aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro. Por isso, manter hábitos saudáveis após a gestação é essencial para a saúde da mãe e da família.

Receber o diagnóstico de diabetes gestacional pode ser desafiador, mas com o suporte certo e algumas mudanças na rotina, é possível enfrentar essa fase com tranquilidade. Seu bebê agradece cada cuidado tomado! ❤

Dra. Sara Koefender Castro
Médica de Família e Comunidade
CRM/RS 39979 RQE 32341

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Produção de Leite Materno: O que fazer quando parece insuficiente https://drasaracastro.com.br/producao-de-leite-materno/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=producao-de-leite-materno https://drasaracastro.com.br/producao-de-leite-materno/#comments Thu, 27 Feb 2025 19:18:31 +0000 https://drasaracastro.com.br/?p=77 Amamentar um bebê é uma das experiências mais intensas – e bonitas – da vida de uma mulher. Mas, junto com toda a beleza desse vínculo tão especial, surgem também dúvidas, inseguranças e pressões. Talvez nenhuma seja tão universal quanto aquela pergunta que tantas mães se fazem em algum momento: “Será que meu leite está […]

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Amamentar um bebê é uma das experiências mais intensas – e bonitas – da vida de uma mulher. Mas, junto com toda a beleza desse vínculo tão especial, surgem também dúvidas, inseguranças e pressões. Talvez nenhuma seja tão universal quanto aquela pergunta que tantas mães se fazem em algum momento: “Será que meu leite está sendo suficiente?”

Se você está se perguntando isso agora ou já esteve nesse lugar antes, saiba que não está sozinha. Essa sensação de insuficiência é mais comum do que parece. E sabe o que é mais interessante? Na maioria das vezes, ela não reflete um problema real com o corpo da mãe ou sua produção de leite. Ao contrário, surge muitas vezes de expectativas irreais, falta de apoio e até da forma como nossa sociedade trata a maternidade moderna.

Historicamente, amamentar era visto como algo natural – às vezes até inevitável. Mas as coisas mudaram muito nas últimas décadas. Hoje, com tantas opções de produtos, fórmulas e aparelhos prometendo ser alternativas à amamentação, começamos a questionar até onde nossos corpos conseguem agir por conta própria. Vivemos rodeadas por imagens de mães amamentando, sempre com expressões tranquilas e bebês plenamente satisfeitos. Nunca vemos os bastidores: noites sem dormir tentando acertar a pega, momentos de dor ou até as lágrimas silenciosas de quem sente que está falhando.

Este texto é para abrir esse diálogo com honestidade e clareza. Vamos explorar desde os fatores emocionais até os sinais reais (e não imaginários) de baixa produção para ajudar você a separar verdade de mito. Porque essa jornada não precisa ser feita na culpa ou no isolamento – ninguém deveria carregar esse peso sozinha.


Por Que a Sensação de “Leite Insuficiente” É Tão Comum?

Antes de você se culpar por não conseguir encher cada mamada com litros e litros de leite – respire fundo. A sensação de insuficiência tem raízes mais profundas do que apenas aquilo que acontece entre mãe e bebê.

Primeiro, precisamos reconhecer como a sociedade mudou ao longo do tempo. Há algumas gerações, mulheres aprendiam sobre amamentação convivendo com outras mães da família ou da comunidade desde cedo. Isso criava um ambiente mais acolhedor e prático para quem se tornava mãe pela primeira vez. Hoje, vivemos em bolhas mais isoladas. Muitas mulheres só entram em contato com o ato da amamentação quando têm seus próprios filhos – e essa inexperiência inicial pode gerar dúvidas.

Outro ponto importante é o papel da indústria. Fórmulas infantis e produtos relacionados à alimentação dos bebês não são “vilões” em si; eles salvam vidas em muitos casos genuinamente necessários. Mas não dá para ignorar como o marketing pode plantar inseguranças ao apresentar essas alternativas como superiores ou mais confiáveis do que o leite materno. É quase como dizer: “Seja prática! Seu corpo pode falhar.” Isso fica lá no fundo da mente – mesmo quando você não percebe.

Nosso estilo de vida acelerado também não ajuda. Amamentar requer paciência, tempo e uma certa entrega à imprevisibilidade (eles mamam quando querem e quanto querem!). Mas, quando valorizamos tanto maximizar produtividade ou seguir horários rígidos, fica difícil ajustar isso às necessidades reais da amamentação.


Expectativas Versus Realidade

Você já reparou como as redes sociais romantizam tudo? Bebês sempre felizes nos colos das mães descansadas; mamadas rápidas e eficientes; tudo no ritmo perfeito como num relógio suíço. Mas quem vive sabe: isso não existe. Pelo menos não do jeito como tentam vender para você.

Amamentar pode ser uma experiência cheia de beleza, mas também traz cansaço e desafios, especialmente nas primeiras semanas. Um dos maiores problemas começa com as comparações: “A filha da minha amiga dorme cinco horas seguidas depois de mamar”; “Minha prima dizia que sentia o leite escorrer em jatos.” Então você olha para sua própria realidade (um bebê faminto vinte minutos depois ou fraldas menos molhadas do que você esperava) e logo pensa: Algo está errado comigo.

Não está! Cada mãe e bebê formam sua dupla única – o ritmo deles pode ser diferente do ritmo daquela tia do Instagram (e tá tudo bem). Muitas vezes, o problema não está nem na quantidade de leite produzido, mas na forma como interpretamos os sinais do bebê ou no excesso de expectativas irreais.

Amamentar nem sempre vem naturalmente; existem curvas de aprendizado tanto para você quanto para seu filho. Não significa fracasso – significa adaptação. Para começar, é preciso desfazer uma ideia equivocada: quase todas as mães produzem leite suficiente, mesmo quando têm dúvidas sobre isso. Existem momentos em que a produção fica aquém do necessário, e perceber esses indícios a tempo pode fazer toda a diferença na solução do problema.

Sinais de Atenção

  • Poucas fraldas molhadas ou sujas: Nos primeiros meses de vida, espera-se cerca de 6 fraldas molhadas por dia. Se o número for consistentemente menor, pode ser um sinal de atenção.
  • Ganho de peso insuficiente do bebê: Embora seja normal um pequeno declínio no peso nos primeiros dias após o nascimento, a curva deve começar a subir novamente por volta da primeira semana.
  • Choro contínuo durante ou após as mamadas: Aqui é necessário cautela porque bebês choram por muitos motivos! Mas se ele parece desconfortável o tempo todo e nunca satisfeito após mamar, talvez valha verificar a produção.

Se você identificou algum desses sinais no seu bebê, não tome decisões precipitadas sozinha. Procurar uma consultora de amamentação ou profissional de saúde pode ajudar a avaliar melhor o quadro. Às vezes, pequenos ajustes fazem toda a diferença – muitas vezes, tudo começa mexendo em algo simples, como a maneira de segurar.


Pega e Frequência das Mamadas

“Está na pega” é quase um mantra entre quem trabalha com amamentação. E faz sentido! Uma pega inadequada pode limitar o quanto seu bebê consegue retirar do peito – e o pior é que isso cria um ciclo preocupante: menos retirada significa menos estímulo à produção.

A pega ideal envolve algumas características principais:

  • O bebê deve abocanhar não só o mamilo, mas boa parte da aréola (a região escura ao redor).
  • Os lábios precisam estar voltados para fora, com aspecto confortável.
  • Você não deve sentir dor intensa durante a mamada.

Se isso não está acontecendo, talvez seja hora de ajustar. Mas só acertar a pega não basta. A frequência das mamadas também tem papel central aqui. O peito funciona como uma espécie de fábrica: quanto mais “encomendas” recebe (ou seja, quanto mais vezes seu bebê mama), mais leite ele produz. Por isso, horários engessados raramente funcionam nos primeiros meses; seguir o ritmo do bebê – a chamada amamentação em livre demanda – é mais eficaz para manter uma boa produção.


A Influência da Alimentação e Descanso

Talvez você tenha ouvido alguém dizer: “Beba muito líquido para ter mais leite!” ou “Coma bem para produzir bastante!” Cuidar da sua alimentação e manter-se hidratada faz diferença, mas não é nenhum milagre como às vezes tentam fazer parecer.

O corpo humano é incrível. Ele prioriza produzir leite mesmo em condições adversas (o que explica como mães em situações extremas continuam alimentando seus bebês). Porém, isso não significa que você pode ignorar suas necessidades básicas – até porque cansaço extremo ou má alimentação podem afetar indiretamente a amamentação.

Pense na amamentação como correr uma maratona. Seu corpo vai dar conta porque foi feito para isso… mas fica bem mais difícil correr se você estiver faminta ou esgotada emocionalmente. Por isso, se puder contar com ajuda para descansar (mesmo que seja cochilar enquanto alguém segura o bebê por meia hora), aceite sem culpa. E lembre-se: não dá para fazer tudo sozinha.


O Peso da Sociedade na Amamentação

A pressão social é tão invisível quanto imensa. Escutamos frases como “Amamentar é natural”, mas ninguém fala do trabalho pesado e das dúvidas envolvidas no processo. Quando você sente que precisa ser perfeita – suprir todas as necessidades do bebê sem reclamar – o ato de alimentar vira um peso emocional enorme.

Essa cobrança não vem só dos outros; acaba morando dentro da gente também. Nunca se esqueça disso: você está lidando com tudo da melhor forma possível, considerando as circunstâncias que enfrenta agora. Mães são suficientes para seus filhos mesmo quando enfrentam dificuldades na amamentação.

Se precisar complementar com fórmula? Tudo bem. Se quiser tentar outras alternativas enquanto busca ajustar a produção? Tudo bem também! Seu valor como mãe não se mede pelo tanto de leite produzido.


Recursos Que Podem Ajudar

Ninguém deveria passar por isso sozinha – e felizmente existem aliados nesse caminho:

  1. Consultoras de Amamentação: Profissionais especializadas (e muitas vezes mães que já passaram pelo mesmo) ajudam você a identificar problemas na pega ou oferecer orientações práticas.
  2. Bancos de Leite: Se você precisa complementar temporariamente ou quer doar leite excedente, os bancos são uma rede incrível de apoio.
  3. Grupos de Mães: Compartilhar experiências com outras mulheres pode fazer uma diferença enorme – tanto emocional quanto prática.

Amamentar vai além de nutrir o corpo; é um gesto que fortalece o vínculo entre mãe e filho. Mas sabe qual é o segredo? Esse vínculo mágico existe mesmo quando há desafios no meio do caminho – seja complementando com fórmula ou optando por outro método.

O amor continua sendo servido em cada toque, cada olhar trocado enquanto alimenta seu pequeno. Não importa como esteja sendo sua experiência com a amamentação, você está arrasando no que faz.

Dra. Sara Koefender Castro
Médica de Família e Comunidade
CRM/RS 39979 RQE 32341

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Você tem alguém que cuida de você – como um todo? https://drasaracastro.com.br/voce-tem-alguem-que-cuida-de-voce-como-um-todo/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=voce-tem-alguem-que-cuida-de-voce-como-um-todo Mon, 24 Feb 2025 12:16:59 +0000 https://drasaracastro.com.br/?p=71 Quantas vezes você já foi a um consultório, clínica ou hospital e saiu com mais dúvidas do que respostas? Muitas vezes, ao enfrentar um problema de saúde ou uma insegurança sobre o corpo, nos sentimos perdidos – como se estivéssemos montando um quebra-cabeça sem a imagem da capa. Quem cuida de você quando você não […]

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Quantas vezes você já foi a um consultório, clínica ou hospital e saiu com mais dúvidas do que respostas? Muitas vezes, ao enfrentar um problema de saúde ou uma insegurança sobre o corpo, nos sentimos perdidos – como se estivéssemos montando um quebra-cabeça sem a imagem da capa. Quem cuida de você quando você não sabe por onde começar? Ou melhor: quem cuida de você, e não apenas da doença?

O médico de família tem um papel essencial em garantir que o sistema de saúde funcione de forma acessível e eficiente. Essa especialidade vai além do tratamento imediato ou da prescrição de remédios. Ela é construída sobre algo maior: oferecer cuidado contínuo, próximo e com uma visão ampla, atendendo às pessoas em todas as fases da vida.

Imagine ter alguém que acompanha sua saúde ao longo dos anos, conhece seu histórico completo, entende suas preocupações e ajuda a prevenir problemas antes que se tornem crises. Ir a um médico diferente a cada vez que você precisa é como tentar montar um quebra-cabeça sem saber onde cada peça se encaixa. O médico de família faz exatamente essa diferença: ele conecta as peças.


O que é um médico de família?

Quando pensamos em médicos, geralmente imaginamos um cirurgião em uma sala de operação ou um pediatra cuidando de crianças. Mas o médico de família vai além de resolver apenas uma parte específica da equação. Ele é treinado para enxergar o todo e cuidar de você de forma integral.

Diferente de especialistas que focam em áreas específicas, como cardiologia ou dermatologia, o médico de família trabalha com uma abordagem ampla. Ele atende desde problemas simples, como infecções respiratórias, até questões mais complexas, como doenças crônicas, saúde mental e cuidados paliativos. Além disso, considera não apenas os aspectos físicos, mas também os emocionais e sociais, porque saúde não acontece de forma isolada.

Essa visão ampla faz dele um verdadeiro guardião da saúde da sua família. Ele entende não só a pessoa individualmente, mas também as dinâmicas familiares e sociais que influenciam a saúde.


Por que o nome “médico de família”?

O nome já dá uma pista: existe uma relação mais próxima entre esse profissional e as pessoas que ele acompanha. Não é apenas “um médico”, é o seu médico. Aquele que conhece sua história sem que você precise repetir tudo a cada consulta.

Imagine visitar um médico que já sabe que você é alérgico a certa medicação porque prescreveu outra meses atrás. Ele entende seus desafios com saúde mental porque já notou padrões nas conversas. Ele acompanha seus exames preventivos antes mesmo que você perceba algo errado. Esse tipo de cuidado é diferente do contato pontual com outros médicos ou especialistas.

Representa a ideia de ter alguém em quem confiar para perguntar tudo – desde “preciso mesmo desse remédio?” até “esse exame é preocupante?”. É um cuidado personalizado e completo.


O papel do médico de família no sistema de saúde

Pense no médico de família como a porta de entrada para o sistema de saúde. Ele resolve grande parte dos problemas comuns diretamente, mas também sabe para onde encaminhar quando algo exige atenção mais específica.

Se compararmos a um time esportivo, ele é o estrategista que coordena os passes entre problemas imediatos e soluções definitivas. Precisa de um cardiologista? Ele orienta antes disso. Enfrentando algo menor? Resolve ali mesmo, enquanto monitora tudo.

Sistemas de saúde com forte atenção à medicina familiar, como na Inglaterra ou Canadá, apresentam melhores resultados. Mais do que números, são sistemas mais humanos, que colocam a pessoa no centro do cuidado.


O vínculo que transforma: médico e paciente como parceiros

Já saiu de um consultório médico sentindo que nem foi ouvido? Com o médico de família, essa história muda. Um dos aspectos mais transformadores dessa especialidade é o vínculo construído entre médico e paciente.

Essa relação não é apenas conveniente; é terapêutica. Com o tempo, o médico aprende sobre você muito além dos sintomas. Ele entende suas vulnerabilidades, seus pontos fortes e até desafios que vão além da saúde física, como estresse no trabalho ou dificuldades familiares.

Esse vínculo também permite que você participe mais ativamente do processo. Não está mais sozinho tentando entender informações médicas complicadas ou decidir os próximos passos. O médico de família guia suas escolhas de forma consciente e personalizada.


Da infância ao envelhecimento: cuidado para todas as fases

A saúde é uma jornada, e ninguém deveria percorrê-la sozinho. Uma das maiores forças do médico de família é sua capacidade de acompanhar você em todas as etapas da vida.

Na infância, ele identifica sinais precoces de alergias ou acompanha questões nutricionais importantes. Na adolescência, é uma figura de confiança para lidar com inseguranças. Na vida adulta, ajuda a manter hábitos saudáveis e trata doenças crônicas. E, no envelhecimento, cuida da qualidade de vida e autonomia.

Esse acompanhamento contínuo faz toda a diferença. Seu histórico é usado como ferramenta-chave para decisões mais assertivas sobre sua saúde.


Médico de família ou especialista? Quando recorrer a cada um

Se o médico de família cuida de tudo, ainda precisamos de especialistas? A resposta é: sim, mas em momentos específicos. Eles têm papéis complementares no sistema de saúde.

  • Situações gerais: Infecções comuns, dores musculares ou acompanhamento preventivo são resolvidos pelo médico de família.
  • Doenças complexas: Problemas cardíacos graves ou condições raras pedem encaminhamento para um especialista.
  • Coordenação entre áreas: O médico de família centraliza os tratamentos, evitando confusões ou duplicações desnecessárias.

Ou seja, eles trabalham juntos. O médico de família ajuda você a acessar especialistas quando necessário e garante que tudo esteja interligado.


Onde encontrar um médico de família no Brasil?

No Brasil, os médicos de família têm ganhado relevância nos sistemas de saúde privado.

Se você tem plano de saúde, verifique se há cobertura para consultas com médicos dessa especialidade. Procure por termos como “clínico generalista” ou “atenção primária”, mas priorize “medicina da família”, pois é esse termo que garante que o médico seja, de fato, um especialista em Medicina de Família e Comunidade. Verifique também se ele possui registro de especialista juntou ao Conselho de Medicina (RQE). É isso que garante que esse médico tenha a qualificação para fornecer esse olhar ampliado.

Independentemente de onde você busque atendimento, priorizar um médico que enxerga você além dos sintomas pode ser o primeiro passo para uma mudança positiva na forma como cuida da sua saúde. Mais do que marcar consultas, é sobre ter alguém que ouve sua história e cuida de você de verdade.

Porque cuidar da saúde fica melhor quando alguém cuida de verdade da gente.

Se você procura um Médico de Família em Porto Alegre, agende uma consulta e inicie esse acompanhamento integral.

Dra. Sara Elisa Koefender Castro
Médica de Família e Comunidade
CREMERS 39979 | RQE 32341

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Amamentação e Dor: Principais Causas e Soluções Eficazes https://drasaracastro.com.br/amamentacao-e-dor-principais-causas-e-solucoes-eficazes/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=amamentacao-e-dor-principais-causas-e-solucoes-eficazes https://drasaracastro.com.br/amamentacao-e-dor-principais-causas-e-solucoes-eficazes/#comments Sun, 23 Feb 2025 20:50:32 +0000 https://drasaracastro.com.br/?p=63 Amamentar é, ao mesmo tempo, algo natural e incrivelmente desafiador. Essa dualidade costuma surpreender muita gente. A imagem romantizada de uma mãe e seu bebê unidos por um gesto tão íntimo contrasta profundamente com cenas comuns e dolorosas: mulheres exaustas, segurando o choro enquanto enfrentam a dor para alimentar seus filhos. Ninguém avisa explicitamente, mas […]

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Amamentar é, ao mesmo tempo, algo natural e incrivelmente desafiador. Essa dualidade costuma surpreender muita gente. A imagem romantizada de uma mãe e seu bebê unidos por um gesto tão íntimo contrasta profundamente com cenas comuns e dolorosas: mulheres exaustas, segurando o choro enquanto enfrentam a dor para alimentar seus filhos. Ninguém avisa explicitamente, mas amamentar pode machucar. Muito. E quando isso acontece, muitas mães são deixadas à própria sorte, sentindo-se inadequadas por algo que deveria ser instintivo.

Afinal, por que tanto silêncio sobre um tema tão comum? Parte do problema vem da romantização da maternidade e da forte ideia cultural de que todas as mulheres devem ser capazes de amamentar sem grandes dificuldades – como se fosse quase automático. Há uma pressão implícita (e muitas vezes explícita) para “dar conta”, mesmo quando o corpo grita por alívio ou quando as informações disponíveis são insuficientes, confusas ou contraditórias. Neste texto, vamos abrir de vez essa conversa. Não dá mais para tratar a dor na amamentação como algo “normal”.

Por que a dor na amamentação é tão comum?

Sentir dor ao iniciar a amamentação não deveria ser encarado como algo inevitável, mas acontece com tantas mulheres que parece até parte do “pacote” da maternidade. A grande verdade? A dor é comum porque há uma cadeia de dificuldades pouco debatidas ao longo dos primeiros dias e semanas de amamentação. E boa parte dessas dificuldades poderia ser evitada ou atenuada com as orientações certas.

O início do processo pode ser mais abrupto do que esperado. Poucas mulheres têm uma preparação real para os primeiros dias após o parto, quando os seios começam a responder à demanda do bebê enquanto ainda estão se adaptando à produção de leite. É nesse período que surgem muitas das dores iniciais – fissuras nos mamilos, ingurgitamento ou até mastite – alimentadas pela falta de ajustes simples no posicionamento ou na pega do bebê.

Um detalhe importante: os profissionais que cuidam do atendimento pós-parto nem sempre estão preparados para oferecer às mães a orientação personalizada que elas realmente precisam. Frases como “isso passa”, “no começo dói mesmo” ou “continue insistindo” são ouvidas com frequência e podem prolongar o sofrimento da lactante. Vale lembrar que cada mãe e cada bebê trazem condições únicas – o que funciona para um pode ser totalmente ineficaz (ou até prejudicial) para outro.

Além disso, não podemos ignorar o peso emocional por trás desse desconforto físico: a mãe está geralmente lidando com privação de sono, hormônios desalinhados e uma montanha de expectativas culturais ao mesmo tempo.

Fissuras nos mamilos: uma dor evitável

Falar sobre fissuras nos mamilos pode causar arrepio em muitas mães – mesmo aquelas que já deixaram a fase da amamentação para trás. Essa é uma das dores mais comentadas pelas mães, especialmente nas primeiras semanas. Mas vamos ser honestos aqui: a maioria das fissuras poderia ser evitada se houvesse uma orientação mais clara sobre pega correta e cuidados básicos logo no início.

Uma das principais causas das fissuras é o bebê estar pegando errado no peito. Pode parecer simples, mas posicionar o bebê corretamente demanda prática (e paciência). Muitas mulheres ainda escutam que precisam “ser fortes”, enquanto lidam com a dor de mamilos rachados, sangrando e sensíveis até ao toque da roupa.

Como evitar fissuras nos mamilos?

  • O lábio inferior do bebê precisa estar voltado para fora durante a sucção, como se estivesse dobradinho.
  • O mamilo deve ficar bem dentro da boca do bebê.
  • A pega precisa envolver não só o mamilo, mas também uma boa parte da aréola.

Mesmo com essas orientações, é normal haver dúvidas nos primeiros dias – ninguém é perfeito logo de cara! Por isso, consultar um profissional especializado (como um consultor em aleitamento materno) pode fazer toda a diferença.

O que fazer quando as fissuras já apareceram?

Existem cremes específicos à base de lanolina que ajudam na cicatrização sem prejudicar o bebê durante a mamada. Deixar os seios descobertos sempre que possível ajuda na recuperação natural e alivia a sensação de ardência.

Pega incorreta: um problema universal

A “pega incorreta” pode parecer algo pequeno demais para causar tanto incômodo, mas é exatamente isso que o torna tão frequente, principalmente nas primeiras semanas depois do parto. Visualize a cena: a mãe, com o bebê nos braços, tenta acalmá-lo enquanto ele chora de fome. Segurando-o da maneira que lhe foi mostrada rapidamente no hospital, tenta posicioná-lo no seio antes que a paciência de ambos se esgote. Resultado? O bebê pega rápido – mas mal – dificultando sua alimentação e iniciando pequenas lesões no mamilo da mãe.

Assim como acontece com as fissuras, ajustar a pega leva tempo e ajuda técnica – algo que nem sempre está acessível às mães no momento certo.

Ingurgitamento mamário

O ingurgitamento mamário é um daqueles problemas que poucas mães veem chegando – até que acontece. De repente, os seios ficam cheios demais, duros como uma pedra, e a dor se torna uma companhia constante. Isso pode acontecer em várias fases da amamentação, mas tende a ser mais comum no começo, quando o corpo ainda está ajustando a produção de leite para atender às necessidades do bebê.

Como aliviar o ingurgitamento?

  • Realize ordenha manual ou com bomba nos momentos de maior desconforto, apenas o suficiente para aliviar a pressão.
  • Aplique compressas mornas antes da amamentação para ajudar o leite a fluir melhor.
  • Use compressas frias após a amamentação para aliviar o inchaço.

Com apoio correto e pequenos ajustes na rotina, muitas mulheres conseguem superar essa fase.

Mastite: quando a dor requer atenção imediata

Às vezes, o ingurgitamento não tratado pode evoluir para algo mais sério: a temida mastite. Trata-se de uma inflamação potencialmente grave nos ductos mamários que causa dor intensa, febre e cansaço extremo. Estima-se que uma em cada dez mulheres que amamentam passa por isso em algum momento.

Se você notar sintomas como vermelhidão localizada no seio ou febre alta, procure ajuda médica imediatamente. Enquanto isso, o descanso e a ingestão frequente de líquidos são cruciais. Muitas mães hesitam em continuar amamentando durante a mastite, mas amamentar pode ser benéfico porque ajuda a desobstruir os ductos inflamados.

Freio lingual curto: um obstáculo invisível

Você sabia que algo tão pequeno quanto o freio lingual curto poderia ser responsável por tanta dor? Trata-se de uma condição em que o tecido fino na base da língua do bebê é mais curto do que deveria ser. O resultado? O bebê tem dificuldade em movimentar a língua adequadamente para sugar o leite de forma eficiente – o que pode causar dor à mãe e frustração ao bebê.

A solução costuma ser simples: dependendo da gravidade do caso, pode ser indicada uma pequena intervenção (a frenotomia), feita por um especialista. Esse procedimento rápido frequentemente gera alívio imediato para ambos.

Além da dor física: o impacto emocional

Há algo mais profundo acontecendo aqui: o impacto emocional da pressão social para amamentar “perfeitamente”. Para muitas mulheres, a amamentação já começa carregada de expectativas irreais – algumas impostas externamente por amigos, familiares e redes sociais; outras internalizadas pela própria mãe.

Frases como “Você precisa dar conta” ou “Amamentar é natural” podem parecer inofensivas, mas carregam uma mensagem implícita: se você sente dor ou dificuldade, está falhando de alguma forma. Isso não poderia estar mais longe da verdade.

Rompendo os tabus: amamentar precisa doer?

Chegamos ao momento decisivo. Depois de tudo isso, fica evidente que a dor na amamentação não deveria ser encarada como algo normal ou inevitável. Ela é um sinal de que algo precisa ser ajustado – seja na técnica, no suporte oferecido à mãe ou na forma como enxergamos esse processo.

Romper com esse tabu significa abrir espaço para conversas honestas e acolhedoras sobre os desafios da amamentação. Significa dar às mães ferramentas reais para superar dificuldades sem julgamentos ou romantizações excessivas.

Amamentar não deve ser sinônimo de sofrimento. Deve ser sobre conexão – com o bebê e consigo mesma.

Leia mais sobre amamentação!


Dra. Sara Koefender Castro
Médica de Família e Comunidade
CRM/RS 39979 RQE 32341

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