Como garantir a pega correta na amamentação: Dicas essenciais para mães

Dicas práticas para ajudar mães a alcançar a pega correta durante a amamentação. Ouvimos falar que amamentar é “natural”, “intuitivo” e “o melhor para o bebê”. Tudo isso é verdade em algum nível, mas há uma parte dessa história que nem sempre nos contam: o “natural” nem sempre vem sem esforço. A ideia de que “é só colocar o bebê no peito e tudo flui” não leva em conta as dores, confusões e desafios enfrentados por muitas mães.

É aqui que entra a conversa sobre a chamada pega correta. Pode parecer um detalhe técnico à primeira vista, mas é esse detalhe que faz toda a diferença entre uma experiência harmoniosa ou dias (e noites!) cheios de frustração. Uma pega errada não causa apenas desconforto na mãe; ela pode significar um bebê cansado demais para mamar adequadamente ou mesmo baixo ganho de peso nas primeiras semanas cruciais. Corrigir isso — ou até prevenir que aconteça — traz alívio físico e emocional.

E sabe aquela frase tão repetida: “É só persistir que dá certo”? Bom, nem sempre é só isso. Às vezes, insistir no caminho errado traz ainda mais sofrimento. Por isso, o conhecimento sobre pega correta não deveria ser privilégio de consultoras; deveria estar acessível como um guia gentil para cada mãe. Vamos descomplicar esse tema juntas? Sem julgamentos, sem fórmulas mágicas, mas com dicas práticas e apoio real.

A Importância da Pega Correta

Uma pega eficiente é quase como uma dança bem coreografada entre mãe e bebê: ela alivia as tensões musculares enquanto ele suga com força suficiente para extrair o leite sem dificuldades. E, por mais que essa comparação soe poética, o impacto disso é muito prático.

Por que a pega errada é um problema?

Primeiro: uma pega errada pode machucar. Fissuras no mamilo ou dor ao amamentar são muitas vezes sinais de que algo precisa ser ajustado. A boa notícia? Pequenas mudanças no posicionamento do bebê podem evitar muitos desses problemas antes que eles virem grandes.

Depois: pense no bebê. Com uma boa pega, ele consegue extrair todo o leite de que precisa, inclusive aquela parte mais concentrada que chega ao final da mamada, conhecida como leite posterior. Isso não só melhora sua saciedade como também pode reduzir aquelas crises intermináveis de choro que partem o coração da gente. Dormir depois de alimentar um bebê bem satisfeito torna-se mais fácil.

O objetivo maior não é uma performance perfeita desde o início. O foco é criar condições para que as coisas fluam melhor. A pega correta não é só sobre eficiência; também é sobre transformar a amamentação numa experiência menos tensa e mais prazerosa para ambos.

Como Identificar e Corrigir Problemas

Sinais de que a pega está correta

Como saber se está tudo indo bem? Essa é uma das dúvidas mais frequentes de quem busca facilitar uma boa pega durante a amamentação. Existem alguns sinais clássicos de que você encontrou aquele ponto ideal entre conforto e funcionalidade:

  • Você sentiu dor? Não? Ótimo sinal.
  • O bebê parece relaxado após mamar?
  • Ele solta o peito espontaneamente após algum tempo?
  • Os lábios dele estão voltados para fora na hora da sucção?

Por outro lado, mamilos achatados ou com fissuras podem ser um sinal de que o bebê não está fazendo a pega corretamente. Outras pistas incluem estalos durante a sucção (indícios de ar entrando) e um bebê inquieto ao final das mamadas devido à fome persistente.

Dicas práticas para ajustar a pega

Se algo parecer fora do esperado, não se desespere! Algumas dicas rápidas podem ajudar:

  1. Verifique se o bebê está com a boca bem aberta antes de abocanhar o seio.
  2. Ajuste o ângulo da cabeça dele (geralmente levemente inclinada para trás ajuda).
  3. Certifique-se de que ele abocanha não só o mamilo, mas também boa parte da auréola ao redor.
  4. Verifique que sua mama não esteja muito tensa, ingurgitada, ou “cheia”, pois o mamilo também pode ficar tenso e mais difícil de ser abocanhado corretamente. Se for o caso, ordenhe manualmente ou com uma bomba antes de colocar o bebê no seio.
  5. Com a pega correta, o bebê não fica com a boca excessivamente tensa, ele parece confortável e não fazendo força excessiva, como se se esforçasse demasiadamente para permanecer ao seio.

Se mesmo assim houver dúvidas ou desconfortos persistentes, não hesite em buscar auxílio profissional. Corrigir algo na pega é completamente possível e faz parte da jornada entre você e seu bebê.

Posições que podem ajudar

A posição em que você se senta — assim como a maneira como segura seu bebê — pode redefinir todo o processo. Existem posições clássicas como a “posição tradicional” ou outras alternativas, como a “posição invertida” (excelente para recém-nascidos menores ou situações especiais). Experimentar diferentes posições faz parte do aprendizado.

Tente se acomodar onde sente estabilidade (talvez com almofadas ajudando). Coloque o bebê numa altura em que ele não precise torcer o pescoço para acessar o seio. Cada ajuste conta.

Dores Não São Normais

Vamos desfazer uma ideia equivocada: sentir dor ao amamentar não é um processo “normal”. Pode até ser comum nos primeiros dias, enquanto você e o bebê ainda estão aprendendo. Mas dor contínua? Não deveria estar no roteiro.

Se dói — realmente dói — seu corpo está tentando dizer algo. Pode ser uma pega errada, tensão no modo como você segura o bebê ou até algo menos óbvio, como um frênulo lingual curto (aquela pequena membrana na língua do bebê). Avaliar isso com um especialista pode ser essencial.

Persistir não precisa envolver sofrimento desnecessário. Se você começar a sentir desânimo ou exaustão emocional por causa da dor, pause. Busque apoio e lembre-se: respeitar seus próprios limites não diminui em nada o valor de ser mãe.

Mitos Que Atrapalham

Agora vamos falar sobre os mitos. Sim, eles estão por toda parte. Você provavelmente já ouviu pelo menos algum desses:

  • “Se seus seios são pequenos, pode faltar leite.”
  • “É normal doer porque o leite está ‘descendo’.”
  • “Se o bebê chora muito, seu leite não sustenta.”
  • “Use bicos artificiais para facilitar a pega.”

Muitos desses mitos parecem quase verdadeiros à primeira vista, mas carecem de base científica ou empatia pela realidade de cada mãe. O tamanho dos seios, por exemplo, não tem nada a ver com a produção de leite. E o choro? Todo bebê chora por vários motivos, como fome, cansaço, fralda cheia ou desconforto.

O problema dos mitos é que eles plantam dúvida — aquela vozinha insidiosa na sua cabeça dizendo: “Será que estou sendo suficiente?” Questione informações generalistas e busque fontes confiáveis, como consultoras em aleitamento materno.

Não use bicos artificiais sem orientação de uma profissional com experiência em amamentação. Se forem mal indicados, podem mais atrapalhar do que ajudar.

O Vínculo Além do Leite

Por fim, vamos olhar além do aspecto técnico da amamentação. Ajustar as posições e corrigir a pega faz toda a diferença. Mas sabe o que importa tanto quanto isso? O vínculo emocional que você está nutrindo com seu bebê em cada mamada — mesmo nos dias difíceis.

Quando você amamenta, seu corpo libera ocitocina (o famoso hormônio do amor), ajudando a fortalecer a conexão com o bebê. Ele busca mais do que alimento; ele busca você para se sentir protegido e seguro.

Esse vínculo não está condicionado à perfeição. Nem toda mãe conseguirá cumprir meses ou anos de amamentação como imaginou — e tudo bem! O carinho que nutre esse laço vai muito além do leite materno.

Quando Buscar Ajuda

Procure auxílio quando dúvida ou frustração começarem a tomar espaço demais na sua rotina. Pedir ajuda não é fracasso; é inteligência emocional em ação.

Profissionais como consultoras em aleitamento materno podem identificar detalhes técnicos que você talvez não perceba sozinha. Além disso, o apoio emocional de amigos, familiares ou grupos virtuais pode ser um verdadeiro bálsamo.

A maternidade é uma jornada cheia de curvas inesperadas. Se há algo que queremos proteger mais do que nunca nesses dias imprevisíveis, é nosso amor-próprio. E sabe de uma coisa? Você já está indo bem só por tentar. Nunca se esqueça disso.


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Dra. Sara Koefender Castro
Médica de Família e Comunidade
CRM/RS 39979 RQE 32341